Morei com a minha avó por sete anos. E sempre sonhei em dar pra ela uma casa conectada. E agora, morando fora do Brasil, encontrei na tecnologia uma maneira de estar presente mesmo estando longe.
Tudo começou com uma Smart TV, tablet e smartphone. Depois ela foi se acostumando com o YouTube e redes sociais. E hoje utiliza vários aplicativos de mensagem e as várias formas de comunicação oferecidas - texto, emoji, figurinhas, mensagens de voz, vídeo e vídeo chamadas.
Até que fui embora... E lógico que na minha casa tudo tem ser smart.
E a cada gadget que adquiri conseguia enxergar onde ela poderia se beneficiar, caso tivesse um também.
Por isso decidi presenteá-la com uma casa inteligente. Foi uma forma de agradecimento por ter me apoiado durante os meus anos de estudante.
Bem. Na casa dela é assim:
Um smart speaker em cada ambiente, vários smart plugs, lâmpadas, bocais, câmeras, controles remotos e robô aspirador. Essa é a nova realidade dela. Nem a minha casa é tão inteligente.
Para ela, o mais útil e poder ligar e desligar os equipamentos do seu quarto enquanto está sentada ou deitada. Ela costura na máquina, senta na cadeira de balanço, mas só está na cama para dormir. E se levantar as vezes dói aqui e dói ali. Só por ter o quarto mais conectado em linha reta da América Latina, ela já amou muito tudo isso.
Já outros dispositivos não são tão interessantes. Por exemplo: um smart bocal é mais útil que uma smart lâmpada, pois ela gosta de lâmpadas fortes, muita luz e não faz questão de troca de cores. Resultado: tive que trocar algumas lâmpadas inteligentes por bocais. E agora tá tudo certo.
É muito divertido de vê-la interagindo com o sistema.
Ela pede pra trocar música "na casa toda", ou "da sala pra trás" porque aprendeu como ativar os grupos de auto falantes. Também pede pra contar piadas e a previsão do tempo.
É de deixar coração quentinho quando escuto ela falando de manhã: "ok Google, desligar o ventilador". Mas é de partir o coração quando a assistente não consegue fornecer informações sobre por onde andam as suas amigas de infância. Ela considera a assistente muito "saberota" e a trata como tal.
A minha mãe, que hoje mora com vovó, também gosta das facilidades. Ela controla as luzes à distância e de espia a rua antes de chegar em casa. Mas tem uma relação de amor e ódio com a assistente, que demora pra reagir só de pirraça.
Confesso que fiquei com medo de mais atrapalhar que ajudar. Pois levou um tempo para se acostumarem a ter que falar com a assistente (muitas vezes brigando) para ligar um ventilador ou desligar uma luz.
Depois de um ano de adaptação aprendi algumas coisas que ajudaram e podem vir a melhorar a adaptação:
- Colocar uma fita adesiva da cor do interruptor para impedir o desligamento acidental, ao mesmo tempo que preserva a estética do objeto.
- Dar nomes fáceis porém distintos aos ambientes e aos dispositivos. E utilizá-los ao executar os comandos: "desligar lâmpada do teto do quarto do meio".
- Colocar etiquetas nos Smart Plugs. Pois o plug "ventilador da sala" é para ficar na sala e ligado a um ventilador.
- Se manter na mesma marca também ajuda demais. A interação entre dispositivos da mesma plataforma é muito mais fácil que ente dispositivos de plataformas diferentes. E escolhi a Positivo Casa Inteligente pela seriedade e dedicação que aparenta. Não é a mais barata, porém não é a mais cara. Encontro promoções. Sinto que se esforçam para trazer novidades.
- Identificar o que é útil primeiro. Deixar as amenidades para depois. Primeiro o ventilador do quarto da vovó, depois a lâmpada decorativa da lavanderia.
- Nem tudo precisa ser inteligente, automatizado ou conectado à internet. As vezes o que já existe já é suficiente, como o interruptor da luz do banheiro.
- Devem existir soluções para situações de emergência. A smart lâmpada quando acesa, em caso de queda e retorno de energia, vai voltar acesa ou apagada? E a falta de internet vai impedir o uso dos equipamentos? Como proceder? Fazer um teste desligando religando a energia e a Internet e configurar o comportamento desejado.
- Luzes de emergência são importantes. Ela se carregam enquanto há força e acendem quando a força se acaba.
- Botões. Botões. Botões. Se possível adicionar botões inteligentes ao lado dos existentes.
- Melhorar o que existe. Criar novas soluções. Mas não quebrar o que já funciona.
- Remover os recursos que não agregam valor ao dia a dia dos moradores da casa.
Eu poderia ficar falando sobre isso o dia todo. Mas acho que já falei demais. Espero que tenham gostado.
Um detalhe que esqueci de dizer: a minha avó tem 90 anos. :)